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Rev. Estanislau Barros

Ao abrigo do Programa de Reconhecimento de Elevado Mérito Cívico, Cultural, Social e Religioso promovido pelo Seminário Teológico Internacional (Portugal), o Rev. Estanislau Barros, responsável máximo da Igreja Evangélica de Angola, defendeu perante um júri a sua tese de doutoramento em Teologia, no passado dia 8 de Dezembro, cumprindo assim as provas de candidatura requeridas.

A sessão pública decorreu em videoconferência, tendo o candidato sido aprovado com a classificação final de Muito Bom (16 valores). A sua investigação intitulava-se “Análise do impacto da Missão Integral na Igreja Evangélica de Angola (1898-2020): contributo para redescobrir e revitalizar a visão e as estratégias missionárias de Mateus Zacarias Stober”.

Este programa funciona apenas por convite e destina-se a promover o reconhecimento público de cidadãos de elevado e reconhecido mérito, como é o caso do Rev. Barros, cidadão angolano cujo currículo e história de vida falam por si.

Maria Madalena deixa de ser prostituta e passa a líder feminista

O campo arqueológico da antiga localidade de Magdala © DR

 

 

A diretora do Instituto Magdala de Israel não tem dúvidas que Maria Madalena foi “uma mulher de posses, muito influente e chave” na vida de Jesus. Jennifer Ristine faz uma releitura de uma protagonista histórica quem em 591 o papa Gregório Magno denegriu ao ratificar o seu estatuto com a qualificação de “prostituta” e que séculos depois, em 2016, o atual papa Francisco recuperou da maledicência ao dar-lhe o estatuto de santidade, ou seja o mesmo nível dos apóstolos.

Jennifer Ristine faz estas afirmações no livro que regista a sua investigação em torno de Maria Madalena e da antiga cidade de Magdala, publicado em julho, intitulado Maria Madalena: perceções a partir da antiga Magdala. A grande questão que o livro de Jennifer Ristine vem colocar é a de se Maria Madalena era ou não adúltera. A autora contrapõe que essa qualificação pode não estar correta e que a seguidora de Jesus era “uma mulher de posses que vivia numa terra rica”, situação que Ristine, apoiada nas releituras bíblicas face aos achados arqueológicos na cidade de Magdala, permite rever o perfil de quem sempre foi conotada com a prostituição.

Para Jennifer Ristine, Maria Madalena é mais um exemplo de liderança feminista, incompreendida nos tempos antigos. Daí que diga: “Maria Madalena foi uma mulher influente tanto a nível económico como social”. Especifica a sua teoria: “A nível económico, porque era uma mulher com posses; a nível social, porque, vivendo numa sociedade religiosa que a restringia, foi capaz de ultrapassar essas fronteiras e tornar-se uma seguidora de Jesus.” Ou seja, conclui Jennifer Ristine que Maria Madalena é “um modelo de liderança [feminina] para as mulheres naquela época.”

A investigadora baseia-se no resultado das escavações realizadas nos últimos anos naquela que se crê ser a terra natal de Maria Madalena, a atual localidade israelita de Migdal e antiga Magdala, onde Jennifer Ristine é diretora do instituto que, entre outras ocupações, reabilita o nome da ex-mulher adúltera. O livro, que a imprensa espanhola já deu destaque, reúne muitas dessas novas provas retiradas do subsolo da região, colocando Migdal como um “antigo povoado próspero na indústria pesqueira no tempo de Maria Madalena”.

A autora também inclui uma nova leitura de muitas das referências bíblicas e históricas ao longo dos tempos, documentação que segundo Jennifer Ristine proporciona uma nova visão de uma figura que sempre foi incluída do círculo mais íntimo do fundador do Cristianismo. Principalmente, desde o momento em que foi descoberta uma antiga sinagoga do século I naquele que será o antigo povoado onde nasceu Maria Madalena.

As escavações tiveram início na década de 1970 mas foi já neste século, em 2009, que os Legionários de Cristo adquiriram uma propriedade na região e reforçaram os trabalhos arqueológicos onde, segundo Jennifer Ristine, tiveram a sorte de descobrir na parte norte da antiga localidade pesqueira no interior da sinagoga uma peça com a representação em pedra de um templo de Jerusalém, em que surgiam motivos como os banhos rituais de purificação, um porto e cenas da vida doméstica. A famosa Pedra de Magdala segundo referem os arqueólogos.

É através deste achado que a diretora do Instituto Magdala considera que se pode refazer em muito a imagem errada de Maria Madalena perante a História, alegadamente a primeira mulher a ver Cristo após a ressurreição, e a quem o Papa Gregório Magno definiu como sendo a mulher que no evangelho de Lucas surge como sendo a pecadora de quem foram “expulsos os sete demónios” que representavam “todos os vícios”. Ristine faz questão de imputar também culpa para esta impressão histórica desta interpretação de Maria Madalena aos judeus, recordando que no Talmude se encontram referências a uma “Miriam Megaddlela”, também conotada com a prostituição.

Enquanto o livro de Jennifer Ristine começa a ser conhecido em todo o mundo, continuam as escavações arqueológicas na propriedade que os Legionários de Cristo. A autora considera que ainda há muitas descobertas para fazer na cidade onde Maria Madalena nasceu, o que poderá refazer de forma mais real a sua biografia. A importância destas descobertas arqueológicas é também referendada pelo editor do site Aleteia, John Burger, autor de vários trabalhos em revistas católicas, entre elas na da Arquidiocese de Nova Iorque, num artigo em que considera haver novas provas sobre a conduta de Maria Madalena devido às descobertas em Magdala.

Para John Burger, os investigadores e académicos vão poder reformular a identidade de Maria Madalena com as descobertas em Israel. Considera que a informação sobre as suas posses financeiras permitem afirmar que era uma das mulheres que “suportavam financeiramente Jesus”, referência que existe no Evangelho de Lucas.

Maria Madalena seria cidadã de uma cidade em que a indústria pesqueira era uma grande fonte de riqueza para a população, tanto que etimologicamente o nome grego da povoação era Magdala Tarichaea, que se pode traduzir como a “cidade onde se salgava o peixe” e uma das localidades mais importantes da Galileia neste setor económico. John Burger socorre-se no seu artigo no site Aleteia de um pormenor histórico que é a explicação da estudiosa da Bíblia Tina Wray, da Universidade Salve Regina de Newport: “Magdala era a maior cidade da Galileia” e as escrituras sagradas suportam a premissa da influência de Maria Madalena.” Acrescenta: “Quando era mencionada uma cidade relacionando-a com uma mulher na Bíblia, significava por norma que essa mulher era rica ou de estatuto social elevado. Ou seja, há evidências de que era uma mulher de posses.”

A estudiosa da Bíblia vai mais longe: “Acredito que Maria Madalena era uma viúva idosa e rica que servia Jesus como companheira, confidente e amiga. O facto de ter estado presente nos momentos mais importantes, como a crucificação e ressurreição, demonstra que era uma discípula corajosa e sempre presente”, ou seja, acrescenta, “um apóstolo de confiança” para Jesus.

Para John Burger, as contínuas descobertas arqueológicas financiadas pelas universidades Anáhuac e Autónoma do Mexico e a Autoridade Israelita das Antiguidades, só vêm dar consistência às teses do Instituto. No mesmo site da Aleteia, conta-se a história desta cidade e explica-se como as descobertas arqueológicas na sinagoga são importantes para a reinterpretação da história de Maria Madalena, bem como de Cristo. Designadamente o achado da Pedra de Magdala, considerada pelos peritos como uma das mais excecionais descobertas religiosas dos últimos 50 anos.

Fonte: DN.

Homilética: um sermão centrado no Evangelho é um sermão em que o Evangelho brilha

 

 

Podemos considerar “A princesa prometida” um filme clássico? Se falas memoráveis contam, absolutamente! Uma das falas clássicas é dita pelo amado Inigo Montoya, confuso pela repetida exclamação de Vizzini: “Inconcebível!”. Montoya finalmente replica: “Você continua usando essa palavra. Eu não acho que ela signifique o que você pensa que ela significa”.
Ao considerar a frequentemente repetida descrição da pregação como “centrada no evangelho”, eu ouço Inigo Montoya. Nós continuamos usando essa palavra, e eu não acho que ela signifique o que pensamos que ela significa. Então, venha cá, vamos pensar juntos.

Negações acerca da pregação centrada no evangelho

Uma breve lista de negações pode ajudar a demarcar melhor nosso entendimento:

  • Deve-se negar que a pregação tenha sido centrada no evangelho apenas porque o sermão se baseou na Bíblia. Há um modo de pregar a Bíblia – até mesmo versículo por versículo, até mesmo as partes sobre Jesus – que leva à condenação. Os sacerdotes e levitas eram mestres da Escritura, contudo Jesus os reprovou por haverem negligenciado o seu testemunho cristocêntrico (João 5.39-40).
  • Deve-se negar que a pregação tenha sido centrada no evangelho apenas porque o sermão confortou as pessoas com a graça. A graça evangélica não somente conforta, mas constrange. Ela justifica e santifica. Ela nos fundamenta nos indicativos e nos edifica com os imperativos: Você está perdoado; agora vá e não peques mais.
  • Deve-se negar que a pregação tenha sido centrada no evangelho apenas porque o sermão incluiu uma referência à morte e ressurreição de Jesus pelos pecadores. Certamente, a morte e ressurreição de Jesus pelos pecadores são o coração da mensagem evangélica (1 Coríntios 15.1-4). Contudo, um resumo mecânico dessa mensagem, como se fosse um item de uma lista ou uma nota de rodapé obrigatória – certamente não é isso que chamamos de pregação centrada no evangelho.

Uma imagem da centralidade no evangelho

A palavra “centrado” é um dos culpados da nossa confusão. O que exatamente significa “centrado” no contexto da pregação das boas novas de Jesus? Deixe-me sugerir uma imagem. Nós devemos desejar que o evangelho seja central em nossos sermões do modo como o sol é central em nosso sistema solar. Em nosso sistema solar, tudo o mais circunda o sol e é por ele iluminado e aquecido. A enorme massa solar cria uma força gravitacional que mantém em ordem todo o sistema. A radiante luz e o calor do sol alcançam cada objeto em sua órbita.
Assim o evangelho deve ser em nossos sermões. Cristo, o Salvador, é o sol e a Bíblia é o sistema solar. Cada passagem, cada doutrina, cada tema – tudo orbita a obra salvadora de Jesus. A vida, morte e ressurreição de Jesus iluminam e aquecem o todo da revelação de Deus, assim como os ouvintes e o próprio pregador. O quanto um sermão reflete essas realidades é o quanto esse sermão é centrado no evangelho.
Num sermão centrado no evangelho, o evangelho é como o sol, atraindo cada faceta do evento da pregação para a sua órbita, irradiando luz e calor sobre tudo. Um sermão centrado no evangelho é um sermão que brilha o evangelho.

Questões para diagnóstico

Comparar a pregação ao nosso sistema centrado no sol é imaginativamente útil, mas precisamos ser um pouco mais práticos. Há um modo de avaliar quão bem nos temos saído em centrar um sermão no evangelho? O que segue são três questões diagnósticas que podem nos ajudar a avaliar nossos sermões. Essas questões, em essência, são afirmações que contrastam com as negações apresentadas anteriormente.

  1. O evangelho brilhou como o sol sobre o texto do sermão?

O ponto principal do texto foi proclamado à luz do evangelho. Fosse ele sobre a criação, gênero, pacto, templo, sacrifício, santidade, julgamento, bênção, maldição, pureza, oração, casamento, vida de solteiro, unidade, justiça, missão, Pai, Espírito ou qualquer outro assunto – o tema principal do texto foi pregado com uma clara compreensão de como a morte e ressurreição de Jesus cumpre, remodela, capacita ou fortalece aquele ponto. Em resumo, o ponto principal do texto foi visto em clara relação com a obra salvadora de Jesus. Nenhum sermão verdadeiramente centrado no evangelho seria ouvido com aprovação em uma sinagoga ou mesquita.

  1. O evangelho brilhou como o sol sobre a vida do ouvinte?

O evangelho iluminou não apenas o ponto principal do texto, mas a vida do ouvinte. A centralidade do evangelho se revelou tanto na interpretação como na aplicação. As pessoas foram chamadas a viver em resposta ao evangelho. À luz da graça de Deus em Cristo, os incrédulos foram instados a se arrependerem, crerem e serem salvos. À luz da graça de Deus em Cristo, os crentes foram encorajados a se despirem do velho homem, a se renovarem em suas mentes e a se revestirem do novo homem. A luz transformadora da graça brilha em um sermão verdadeiramente centrado no evangelho. Os imperativos evangélicos emergem dos indicativos evangélicos e nenhum deles deve ser negligenciado.

  1. O evangelho brilhou como o sol sobre o coração do pregador?

Uma menção honrosa ao evangelho é muito melhor do que não o mencionar de maneira alguma. Contudo, em um sermão verdadeiramente centrado no evangelho, o próprio pregador foi capturado pelas implicações evangélicas do texto. Ele próprio viu a luz e sentiu o calor do sol e, por isso, ele se coloca perante a congregação sentindo-se menos como Plutão e mais como Mercúrio. Ele próprio está exultando em Cristo. Consequentemente, o pregador é fervoroso em seu desejo de que a congregação se junte a ele em sua alegria. Ele proclama o evangelho não como o parágrafo introdutório de uma notícia a ser esquecida, mas como a própria manchete.

Inconcebível!

Isto é a pregação centrada no evangelho em seu melhor: pregação na qual o evangelho brilha como o sol a partir do texto, sobre os ouvintes e no pregador. A única coisa inconcebível é que a centralidade do evangelho seja definida abaixo disso. Sendo assim, pondere as negações. Faça o diagnóstico. E aprenda a pregar o evangelho como o sol que nasce “numa extremidade dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor” (Salmo 19.6). Um sermão centrado no evangelho é um sermão que brilha o evangelho.

Tradução: Vinícius Silva Pimentel

Revisão: Vinícius Musselman Pimentel

Fonte: David King, Ministério Fiel.

 

Evidências científicas sobre relatos bíblicos

A Bíblia não é um livro de história, nem se destina a ser um. Como obra de instrução religiosa, está cheia de contos destinados a ensinar alguma coisa. Porém, como muitas parábolas ou lendas, essas histórias bíblicas parecem ter algum fundamento na realidade. Equações físicas e achados arqueológicos indicam que certos trechos da Bíblia podem se referir a pessoas ou objetos verdadeiros, mas uma grande dose de interpretação é usada nesses casos. Veja intrigantes descobertas que, pelo menos, levantam dúvidas:

10. A física da Arca de Noé

evidências científicas sobre histórias bíblicas
Em 2014, quatro estudantes de física da Universidade de Leicester (Reino Unido) testaram as instruções dadas no livro de Gênesis para construir a Arca de Noé. Eles queriam ver se a arca, de 300 cúbitos de comprimento, 50 de largura e 30 de altura, realmente flutuaria. Um cúbito é o comprimento da ponta do dedo médio de uma pessoa ao seu cotovelo, que os alunos padronizaram como cerca de 48 centímetros. Isso significa que a arca em si teria tido cerca de 145 metros de comprimento, 24 metros de largura e 14 metros de altura.

A Bíblia diz que a arca foi feita de madeira de Gofer, mas hoje ninguém sabe o que é isso. Uma suposição comum é que essa madeira era algum tipo de cipreste. Quando vazia, uma arca de cipreste pesaria aproximadamente 1,2 milhões de quilos. Quanto peso a arca poderia aguentar sem afundar? Supondo que o navio tinha a forma de uma caixa, o peso máximo que poderia deter era quase 51 milhões de quilos, equivalente a 2,1 milhões de ovinos.

Então, a arca poderia ter transportado dois de cada animal do mundo? Existem até oito milhões de espécies distintas hoje, mas a maioria poderia sobreviver a uma inundação sem precisar da arca. Além disso, os estudiosos bíblicos notam que o Gênesis refere-se a dois de cada “tipo criado”, o que provavelmente se refere a um número menor de animais do que cada espécie distinta. Assumindo que toda a vida aquática ficou no mar, os estudantes estimam que somente 35 mil pares de animais tiveram que ser colocados a bordo da arca, o que ela facilmente era capaz de aguentar. Para reduzir o espaço necessário dentro da arca, bebês ou espécimes jovens de grandes animais como elefantes poderiam ter sido usados.

9. O poder de Jezabel

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Jezabel, a mulher mais perversa da Bíblia, é mencionada em várias passagens. No século IX aC, ela se casou com o rei Acabe de Israel, mesmo sendo uma fenícia que adorava a divindade Baal. De acordo com a Bíblia, em uma passagem, a rainha Jezabel forja o selo de Acabe em documentos para persuadir os israelitas a aceitar sua religião, o que a fez ser jogada de uma janela para ser comida por cães.

Os historiadores há muito tempo se perguntam se a rainha Jezabel tinha influência independente da autoridade de Acabe. Em outras palavras, será que ela realmente poderia ser tão ruim quanto parece na Bíblia? A resposta pode estar em um selo de pedra descoberto em Israel em 1964.

A iconografia do selo inclui duas cobras, um falcão Hórus e um disco solar alado, que a estudiosa do Antigo Testamento Marjo Korpel interpreta como sugerindo uma ligação à realeza. Além disso, uma flor de lótus e uma esfinge com uma cabeça de mulher e uma coroa implica que o selo foi usado por uma rainha. Se o selo pertenceu a Jezabel, isso significa que ela tinha seu próprio poder político considerável.

Os arqueólogos inicialmente tiveram problemas em conectar o selo à rainha Jezabel. As letras gravadas na pedra eram confusas. Seu nome parecia grafado incorretamente. No entanto, quando comparado a outros de seu tempo, notou-se que a borda superior do selo estava faltando, que provavelmente continha as duas letras que faltavam para soletrar o nome de Jezabel corretamente em hebraico antigo.

Alguns problemas ainda restam, no entanto. Como o selo não foi encontrado por arqueólogos, mas simplesmente apareceu no mercado de antiguidades de Israel, isso complica a identificação de suas origens, mesmo que não seja algo incomum (apenas 10% dos selos judaicos antigos são descobertos em escavações científicas). Além disso, especialistas como Christopher Rollston observam que a parte que falta do selo é grande o suficiente para sugerir, pelo menos, cinco letras a mais, e não apenas duas. As letras que faltam poderiam formar qualquer número de nomes ou palavras diferentes. Em última análise, nós provavelmente nunca saberemos a origem do selo com certeza, embora possamos dizer que ele pertencia a uma mulher muito poderosa.

8. O sumo sacerdote judeu Caifás

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Aparecendo nos evangelhos do Novo Testamento de João, Mateus, Lucas e Atos, Caifás foi o sumo sacerdote de Israel que presidiu o julgamento de Jesus antes de entregá-lo para o governador romano Pôncio Pilatos para crucificação. (Aliás, existe uma pedra Pilatos que é uma evidência física de que Pôncio Pilatos realmente existiu.)

Em 1990, trabalhadores de uma estrada em Jerusalém tropeçaram em uma caverna antiga contendo 12 caixas de calcário com ossos de mortos. Um desses ossuários, particularmente ornamentado, estava inscrito “Joseph, filho de Caifás”. Esse nome é próximo do historiador judeu do primeiro século Flavius Josephus, que se referiu a Caifás como “Joseph, que se chamava Caifás do sumo sacerdócio”.

O ossuário elaboradamente decorado continha os ossos de um homem de 60 anos de idade, aproximadamente a idade de Caifás quando morreu. Os arqueólogos também observaram que a escrita nas caixas e na parede da caverna era uma linguagem usada pelos trabalhadores de cemitérios no primeiro século. Um dos ossuários continha uma moeda de bronze de 43 dC, mais uma prova de que os ossuários foram colocados na caverna durante o primeiro século depois de Cristo.

Dito isso, o achado é controverso. Arqueólogos céticos notam que o ossuário não é tão “chique” quanto se esperaria do lugar de enterro de um sumo sacerdote. E enquanto outros judeus ricos da época tinham seus ossuários delicadamente inscritos, a escrita no de Caifás parece ter sido grosseiramente riscada com um prego. Além disso, alguns linguistas têm argumentado que o nome hebraico no túmulo não tem sílabas o suficiente para ser a origem do grego “Caifás”, e teria realmente soado mais como “Qopha.” Outros rejeitam esta observação afirmando que os gregos costumavam acrescentar sílabas extras para nomes estrangeiros confusos.

O ossuário está agora no Museu de Israel em Jerusalém, embora os ossos tenham sido enterrados no Monte das Oliveiras. Em 2008, outro ossuário foi descoberto em Israel e identificado como pertencente à filha de Caifás. Ele é gravado com as palavras: “Miriam filha de Yeshua, filho de Caifás. Sacerdotes (de) Ma’aziah de Inri Beth”.

7. A Piscina de Siloé

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O Evangelho segundo João conta a história de quando Jesus restaurou a visão de um cego colocando argila em seus olhos e lavando-os com água da Piscina de Siloé. A piscina foi um grande reservatório em Jerusalém durante o Antigo Testamento, mas foi destruída por invasores vários séculos antes de Jesus nascer. Mais tarde, foi reconstruída em várias ocasiões, mas não havia nenhuma menção de uma versão da piscina no primeiro século.

Em 2004, trabalhadores que tentavam reparar uma linha de esgoto danificada descobriram dois degraus que levavam até uma piscina. Arqueólogos rapidamente escavaram o local e encontraram uma piscina em formato de trapézio de cerca de 69 metros de comprimento. Eles também encontraram moedas e cerâmica que datavam o local em torno da época de Jesus. Em particular, quatro moedas Alexander Janeu estavam enterradas no gesso sob a fachada de pedra da piscina. Janeu governou Jerusalém de 103 aC a 76 aC.

Em um canto da piscina, os arqueólogos ainda descobriram cerca de 12 moedas no lodo datadas de 66 dC a 70 dC, indicando que a piscina estava pelo menos parcialmente preenchida nessa época. Juntos, os dois grupos de moedas dão uma estimativa de por quanto tempo a piscina foi utilizada.

O local pode ter sido usado para banhos rituais, natação ou fornecimento de água potável para os moradores da cidade. Algumas pessoas acreditam que os judeus ritualmente submergiam-se nessa piscina quando faziam suas peregrinações para Jerusalém e, como Jesus teria feito essas peregrinações também, faz sentido que tenha estado na área.

6. Possível casa onde Jesus cresceu

evidências científicas sobre histórias bíblicas
Embora algumas pessoas argumentem que Jesus nunca existiu, os estudiosos mais sérios acreditam que o Jesus histórico nasceu por volta de 4 aC e foi educado na fé judaica em Nazaré. E o arqueólogo Ken Dark acredita que encontrou uma casa nazarena do primeiro século em que Jesus pode ter vivido quando criança.

Na década de 1880, freiras descobriram pela primeira vez esta estrutura de argamassa e pedra construída em uma encosta. Artefatos encontrados no interior da casa sugerem que era a residência de uma família judia. Por exemplo, panelas de pedra calcária teriam sido usadas pelos judeus por que se acreditava que o material era particularmente puro. Dark também citou um texto escocês do século VI descrevendo uma peregrinação à Terra Santa e incluindo uma parada em uma igreja em Nazaré “onde antes havia a casa em que o Senhor passou sua infância”.

Essa referência parece correta. Embora a casa tenha sido abandonada durante o primeiro século dC, Dark afirma que foi identificada como a casa de Jesus durante o período bizantino, quando foi decorada com mosaicos. Os bizantinos também construíram uma igreja sobre o local, para protegê-lo. Mesmo assim, a casa foi incendiada no século 13.

Dark se esforça para notar que não sabemos se a casa, na verdade, pertencia a Jesus, só que os bizantinos acreditavam que pertencia. Também, outros arqueólogos acham que Dark tem “necessidade de localizar tudo mencionado nas Sagradas Escrituras”, o que leva a fazer alegações precipitadas. Por fim, existem algumas outras questões ainda não respondidas. Por exemplo, por que a única menção desse lugar é em uma carta escocesa obscura?

5. Muro do Rei Salomão

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No Primeiro Livro dos Reis, nos é dito que o rei Salomão construiu um muro em torno de Jerusalém. No início de 2010, a arqueóloga Eilat Mazar anunciou a descoberta de um muro, juntamente com outras estruturas defensivas, que parecem datar dos tempos de Salomão no século 10 aC.

A parede tem cerca de 70 metros de comprimento e 6 de altura. Está localizada em Jerusalém e abrange o que teria sido a Cidade de David (agora o bairro árabe de Silwan) e o Monte do Templo. A equipe de Mazar escavou partes de outras estruturas defensivas nessa área, incluindo uma torre de guarda e uma portaria que acessava a parte real da cidade. Mazar acredita que só o rei Davi ou seu filho, o rei Salomão, poderiam ter construído tal estrutura naquele momento. Cacos de grandes jarros de cerâmica descobertos no local o datam do final do século 10 aC, o que poderia colocá-los na época de Salomão. Além disso, um dos frascos de armazenamento tinha uma inscrição que apontava sua propriedade por um funcionário hebreu de alto escalão.

O arqueólogo Israel Finkelstein reconheceu que era possível que Salomão tivesse construído o muro, mas afirmou que há riscos na utilização de textos religiosos para identificar locais históricos. “Há a questão de quando foi escrito, 300 anos depois, ou no momento dos acontecimentos? Quais são suas metas e sua ideologia? Por que foi escrito?”, disse em entrevista à National Geographic.

4. O poder das minas de cobre

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Na Bíblia, o rei Davi lutou contra os edomitas. Muitos estudiosos acreditam que o conflito bíblico foi exagerado porque Edom e Israel antigo (ou Judá) não estavam suficientemente desenvolvidos para montar grandes exércitos. Eles veem Davi mais como um chefe tribal do que um rei.

Porém, em 1997, arqueólogos explorando as terras baixas de Edom, no que é hoje o sul da Jordânia, encontraram evidências de uma sociedade mais complexa que incidiu sobre a mineração de cobre e poderio militar. Ao concentrar os seus esforços em Khirbat en-Nahas (que significa “ruínas de cobre”, em árabe), estes arqueólogos concluíram que a sociedade não era apenas de pastoreio. Se os estudiosos tivessem olhado antes para as terras baixas, teriam encontrado locais de mineração de cobre.

Baseado na idade da cerâmica nestes locais, os cientistas creem que eles operaram mais fortemente em torno da época do rei Salomão. Os arqueólogos também encontraram uma grande fortaleza da Idade do Ferro. A datação por radiocarbono coloca a região no século 10 aC, aproximadamente contemporâneo com os reinados de Davi e Salomão na Bíblia.

É possível que a produção de cobre significativa (sem um propósito militar, mas com uma sociedade complexa) tenha ocorrido no século 12 aC ou mesmo antes na área. Isso dá credibilidade a Gênesis 36:31, que se refere a reis em Edom antes de existirem reis em Israel. A Bíblia também diz que o Rei Salomão foi escolhido por Deus para construir o primeiro templo em Jerusalém usando centenas de toneladas de cobre. Entre as minas de Edom e outros locais de cobre datando do século 10 aC, é possível que Salomão tivesse acesso a produção suficiente para construir um templo.

A Bíblia também fala sobre um rei egípcio chamado Sisaque, que invadiu a área cinco anos após a morte de Salomão. Recentemente, um amuleto egípcio inscrito com o nome do faraó Shesonq I (também conhecido como “Sisaque”) foi encontrado em uma mina de cobre chamada Khirbat Hamra Ifdan. Os arqueólogos acreditam que esta pode ser uma evidência das façanhas militares de Sheshonq I interrompendo a produção de cobre edomita no século 10 aC.

3. Muro de Neemias

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Nós já falamos sobre o muro de Salomão ao redor de Jerusalém. Mas a cidade e seus habitantes tiveram uma história tão tumultuada que suas paredes mudam frequentemente para espelhá-la.

Segundo a Bíblia, no século VI aC, a Babilônia conquistou o Reino de Judá e mandou os judeus para o exílio, que continuou até a Pérsia derrotar a Babilônia e permitir que os judeus voltassem para Jerusalém. Escrito na primeira pessoa, o Livro de Neemias conta a história de como Neemias mobilizou os judeus para reconstruir os muros e as portas de Jerusalém em apenas 52 dias.

Em 2007, Eilat Mazar revelou que sua equipe tinha descoberto um muro de 5 metros de largura que podia ser de Neemias, enquanto escavavam o que acreditavam ser o palácio do rei Davi na antiga Cidade de David. Quando uma torre de pedra nas proximidades começou a desmoronar, os arqueólogos falharam em repará-la, mas acabaram encontrando nela cerâmica, selos e outros artefatos que datam do sexto e quinto séculos aC.

Quando não encontraram cerâmica de um período anterior, concluíram que a torre foi construída em torno do mesmo tempo que Neemias reconstruiu a muralha de Jerusalém. Alguns dos nomes sobre os artefatos são nomes encontrados na Bíblia.

2. Cidadela da Primavera (ou do Rei Davi)

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Como parte de uma escavação de quase 20 anos na Cidade de David, arqueólogos anunciaram em 2014 a descoberta da “Cidadela da Primavera”, uma enorme fortaleza do século 18 aC que protegia a Fonte de Giom dos invasores nos tempos antigos.

Suas paredes tinham 7 metros de espessura, permitindo apenas o acesso à fonte de dentro da cidade. “A fim de proteger a fonte de água, eles construíram não só a torre, mas também uma passagem fortificada “, disse o arqueólogo G. Uziel. “Esta estrutura muito impressionante foi operante até o final da Idade do Ferro, e foi só quando o Primeiro Templo foi destruído que a fortaleza caiu em ruínas e deixou de ser utilizada”.

Os pesquisadores acreditam que a cidadela é a fortaleza que foi conquistada pelo rei David em 2 Samuel 5: 6-7. Ela serviu então para proteger a Fonte de Giom onde Salomão foi ungido rei de Israel em 1 Reis 1: 32-34.

1. Possível cidade natal de Golias

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Os arqueólogos acreditam ter encontrado a cidade natal de Golias, Gath, uma cidade filisteia entre Ashkelon e Jerusalém que é mencionada em 1 Samuel 06:17. Durante a escavação, os pesquisadores descobriram um altar de pedra de 3.000 anos com chifres em excelente estado, semelhantes aos descritos nos livros dos Reis e Êxodos. No entanto, o altar dos filisteus tem dois chifres, enquanto os altares bíblicos têm quatro.

Os filisteus são vilões bíblicos que viviam em torno de Gath durante os séculos 10 e 9 aC, a era de Davi e Salomão. Aspectos da cultura filisteia parecem ter sido descritos com precisão na Bíblia. Por exemplo, os arqueólogos encontraram uma estrutura maciça com dois pilares semelhante ao templo filisteu da história de Sansão. Eles também descobriram fragmentos de cerâmica com nomes inscritos que são semelhantes ao nome Golias, de origem indo-europeia. Os israelitas e cananeus locais não teriam usado esse nome, mas, obviamente, os filisteus sim.

Isso é consistente com outros achados que revelam que os filisteus mantiveram parte de sua cultura histórica, enquanto abraçaram um pouco da cultura local. Por exemplo, eles comiam cães e porcos, animais considerados impuros na cultura judaica. Eles também continuaram a adorar seus próprios deuses.

Embora a escavação tenha apresentado elementos que podem indicar batalhas violentas entre os reis de Jerusalém e os filisteus, os arqueólogos também encontraram indícios de destruição de Gath por um exército invasor no século IX aC, semelhante à história da conquista da cidade pelo rei Hazael, no Livro dos Reis.

Fonte: HypeScience.